E no dia 13 de maio de 2010, data histórica pro Brasil, hoje eu roubo a função da Princesa Izabel, e declaro a abolição da escravatura.
Minha doce e sempre fiel companheira, ganhou sua carta de alforria. Não mais precisava sofrer e manter a pose. Podia enfim descansar, pra sempre!
Sheeva Maria, assim que eu a batizei 10 anos atrás. Ela foi nossa primeira cachorra. Primeira e única.
Meus pais tinham algum tipo de pânico e meu irmão tinha pavor de cachorros. Eu não! E nunca entendi o pavor deles, sendo que nunca tinhamos tido um antes.
Mas isso foi até Fevereiro de 2000. Quando minha vizinha me vendeu por 60 reais, uma cachorrinha preta e bem peculiar. Parecia uma bola de lã, preta, pretinha.
Pastor Belga, era sua raça. Muito parecida com um lobo. Até em sua adoração pela lua, e seu uivado nas madrugadas frias e enluaradas.
Há pouco menos de um mês, acabou ficando doente. Câncer! Tadinha, quem conheceu ela, sabe que não foi justo esse final.
Quando tinha apenas 20 dias de vida, ela chegou no meu lar, como a única sobrivente de uma ninhada, onde os outros 7 filhotes tinham morrido de parvovirose canina. Todos menos ela. Minha Xica.
Foi amor a 1ª vista. Foi mais que isso. Foi um pacto de almas. Juramos em silêncio sempre proteger e ficar um ao lado do outro. Sempre! Desde o primeiro dia. Ela me escolheu como seu dono, e eu a aceitei em minha vida.
A nossa história mais forte, aconteceu na noite em que ela deu a luz a sua ninhada. Era uma madrugada fria, bem fria de Outubro de 2002. Na época tinhamos uma outra cadela, da raça Sheepdog (a Priscila da Tv Colosso), pra gente, ela era a Flora. Pois no dia em que Sheeva resolveu dar a luz, Flora ficou em cima dela, enchendo o saco e tentando COMER OS FILHOTES. Belíssima "irmã".
Eu dormia em minha cama, coberto por muitas cobertas, e meias no pé, e sem saber o porque, acordei com o rosnado da minha cachorra. Mas ela estava do lado de fora de casa, a mais de 10 metros de distância. E por algum motivo eu ouvi, e me levantei e fui até ela. E assim ela pode parir sussegada e tranquila. Ela deu a luz a oito filhotes, todos saudáveis.
Essa semana ela foi baqueada pela doença. A 15 dias atrás ela foi diagnosticada com um nódulo no baço, e teve que tirá-lo. Aparentemente ela tava bem. Até que ontem, o estrago resolveu tomar conta, ela sofria muito. O resultado da biopsia havia chegado, e revelado que o câncer já tinha tomado conta de outros órgaos, inclusive havia gerado diversos gânglios pelo corpo.
Meu pai me ligou e me pediu para tomar uma decisão.
Sofrer ou não sofrer?
Óbvio que não sofrer.
E hoje as 15:30, depois de uma injeçãozinha na veia, Sheeva Maria parou de respirar e de sofrer.
Eu tava lá, do lado dela, até o último suspiro.
Antes de sair, cochichei na orelha dela: "Até logo, me espera lá em cima. Eu te amo!"
E como ela me amava incondicionalmente, tinha uma verdadeira devoção a minha pessoa, eu sei que ela me respondeu: Eu também!









Adeus minha lobinha, até logo!
E desculpe por ter ficado um tempo longe. Sei que isso te chateou bastante. Mas eu nunca me esqueci de você! E você também, nunca desistiu de mim.